13 de outubro de 2013

Janis Joplin, um recorte biográfico

Faltavam 88 dias para terminar o ano de 1970, no século passado. Quatro de outubro. Data que calava a voz inigualável da menina que havia estado no Brasil alguns meses antes, fevereiro, na tentativa de livrar-se do vício da heroína. Menina que foi expulsa do Copacabana Palace por nadar nua na piscina; que por sua maneira agressiva de vestir foi barrada por um segurança de uma escola de samba; que fez topless na praia de Copacabana; que se entregou ao roqueiro Serguei, que ainda hoje falto de caráter se promove utilizando-se esse encontro, pior, o faz com estampas em camisetas com frases chulas; menina que bebeu e cantou num bordel brasileiro; que não apareceu no estúdio para gravar. Uma overdose de heroína combinada com o efeito do álcool a calou para sempre. E com ela os temas de perda e de dor que marcaram canções como The Rose, que emprestou o nome ao filme baseado em sua vida. Antes dela Robert Johnson, Brian Jones, Jimi Hendrix, e depois, Jim Morrison, Kurt Cobain e Emy Winehouse. Todos aos 27 anos de idade. Todos com a mesma causa mortis: degradação biológica pela combinação de álcool e droga.

Janis Joplin - The Rose

Janis Lyn Joplin nasceu em 19 de janeiro de 1943, em Port Arthur, uma pequena cidade do Texas, EUA. Filha de um funcionário da Texaco e de uma secretária de uma faculdade local. Tinha dois irmãos, Laura e Michael, e desde cedo requereu mais atenção dos pais. Gostava de poesia e pintura, amava a música. Como quase toda cantora norte-americana iniciou carreira no coral de uma igreja. Uma adolescência quieta, introspectiva e solitária. Assim que as espinhas apareceram juntamente com a indiscrição da balança a rebeldia se fez presente, e com ela, roupas extravagantes bem diferentes do uso da época, indo desde camisas masculinas a curtíssimas minissaias, o que lhe fez vítima de bullling na escola. Além de rejeitada pelos colegas era chamada de porca, estranha, esquisita, promíscua. Assim que passou a cantar nos bares de sua cidade encarnou um personagem de menina durona, agressiva, encrenqueira, que gostava de beber e zoar as pessoas. Iniciou alguns cursos de graduação, porém, nenhum concluído. De crooner do Walter Creek Boys, trio formado na cidade de Austin, em 1963, partiu para a cidade de São Francisco. Ali, a extravagância chegou ao extremo. Bebia compulsivamente e usava drogas pesadas como a heroína. Vida desregrada e autodestrutiva. Chegou a ser internada. Em 1966 passou a integrar o grupo Big Brother & Halding Company, destacando-se no ano seguinte no festival de Monterrey como melhor intérprete na opinião do público com a música Ball and Chain, que lhe valeu as capas das revistas Time e Newsweek. Em setembro de 1970, a primeira mulher a quebrar paradigmas e fazer sucesso no mundo masculino do rock foi vista pela última vez em público, em sua cidade natal, quando da comemoração do décimo ano de formatura de sua turma do colégio. Ana Beatriz Barbosa Silva, faz uma referência a esta aparição em seu livro 'Corações Descontrolados - ciúmes, raiva, impulsividade: o jeito borderline de ser' - 'Ela estava ansiosa por aquele momento, para mostrar às pessoas que tanto a hostilizaram que ela era um grande sucesso'.


Janis Joplin em Monterrey - Ball and Chain

Porque eu não canto como as outras cantoras? Não sei, talvez porque não fique na superfície das melodias, porque eu entre na música, eu canto com a minha alma, com o meu corpo, com o meu sexo... Eu canto toda!’ declarou certa feita.

Luiz Humberto Carrião (l.carriao@bol.com.br)


Nenhum comentário:

Postar um comentário