14 de março de 2014

OS BEN$ QUE OS POLÍTICOS FAZEM: história de quem enriqueceu durante o exercício dos mandatos / Chico de Gois – Rio de Janeiro: LeYa, 2013.

O escritor, por motivos óbvios, evitar uma coletânea de volumes, elegeu alguns parlamentares municipais, estaduais e federais para retratá-los. Ante de terminar a leitura de suas 282 páginas, me veio à cabeça uma utopia: se o cidadão brasileiro trabalha cinco meses no ano para pagar impostos, porque não uma trégua em relação à corrupção publica e privada ou publico/privada no Brasil em igual período de tempo? Certamente, seríamos a nação mais rica do mundo! Aquela que realmente poderia afirmar ser Deus de nacionalidade brasileira. Não se trata de absorver o que se encontra no imaginário popular de que todo político é ladrão, ou de aquiescer o rouba, mas faz. É ter consciência de que a corrupção existe e sempre existirá como sempre existiu. Mas, as recentes publicações sobre esse tema no Brasil através do jornalismo investigativo mostra uma realidade inacreditável, sem limites. Embasado em obras clássicas como ‘A arte de Furtar’ atribuída ao padre Antonio Vieira, ‘Os donos do poder’ de Raymundo Faoro, ‘Coronelismo, Enxada e Voto’, de Victor Nunes Leal, ‘Cidadania no Brasil – o longo caminho’, de José Murilo de Carvalho e, ‘Os contos e os vigários – uma história da trapaça no Brasil’, de José Augusto Dias Junior, Chico de Gois faz uma análise de que no Brasil o patrimonialismo é uma marca de nascença, Sérgio Buarque de Holanda trata desse assunto em ‘O homem Cordial’. ‘Dirigentes tratam o governo como algo que lhes pertence e que existe, antes de tudo, para o seu próprio usufruto’. São 10 narrativas como parlamentares aumentaram ‘milagrosamente’ ou ‘competentemente’ seus patrimônios durante seus mandatos. Uma pequena amostragem. Ressalta não tratar-se de regra geral, claro! Existem as exceções.

Luiz Humberto Carrião (l.carriao@bol.com.br) 

12 de março de 2014

SIMÓN BOLÍVAR por Karl Marx / tradutora Vera Ribeiro. – São Paulo: Martins, 2008.

Marx foi contratado em 1857 por Charles Dana, diretor do New York Daily Tribune, para escrever sobre temas de história militar, biografias e outros assuntos váriados na New American Cyclopaedia, onde coube a redigir o verbete sobre Simón Bolívar. O livro é aberto por uma introdução – O Bolívar de Marx – de autoria de José Aricó, intelectual marxista argentino, seguido do texto de Marx - Bolívar y Ponte – e, finalmente, o Epílogo assinado por Marcos Roitman Rosenmann e Sara Martinez Cuadrado, professores da Faculdade de Ciências Políticas e Sociologia da Universidade Complutense, de Madri. Dialogar sobre um mito, discutir um mito é algo plenamente aceitável, porém, contestar o mito já não é bem assim. O trabalho de Marx neste verbete foi encontrado por Aníbal Ponce, nos arquivos de Marx-Engels-Lenin, de Moscou, numa tarde de fevereiro de 1935. Fazendo a leitura de que a história de Bolívar encontra ‘envolta numa espessa nuvem de lendas’, e suas ideias hispano-americanas ‘de criar uma federação com todos os povos da cultura espanhola’ fez escola, resolveu trazê-lo ao público latino. Para uns, ‘uma avaliação política induziu Marx a interpretar Bolívar como autoritário e bonapartista, e a projetar sua hostilidade política, como costumava a fazer, no conjunto das atividades e até na própria personalidade do Libertador, a quem ele zombou encarniçadamente ao longo de seu extenso ensaio’. Para outros, Marx visualizou que naquele processo histórico, que ‘a ordem imposta pela vontade de Deus não pode ser alterada pela vontade dos homens. Com esses postulados, Bolívar restabeleceu a escravidão e procedeu à expulsão dos povos indígenas das terras comunais. A propriedade latifundiária consolidou-se e os povos indígenas foram despojados de suas terras. Com todos esses antecedentes, poderia Marx ter outra imagem do Ditador Supremo?’ Marx apresenta uma biografia de Bolívar bem diferente daquela que o transformou em mito pela historiografia latino-americana. Um texto de fôlego que precisa ser conhecido e discutido por cientistas sociais e historiadores.

Luiz Humberto Carrião (l.carriao@bol.com.br)